Para procuradores da Lava Jato, Temer age para “salvar a si mesmo” 222u5k

Os procuradores Deltan Dallagnol e Carlos Fernando dos Santos Lima, da força-tarefa da Operação Lava Jato, entraram em campo nas redes sociais para direcionar críticas ao presidente da República, Michel Temer, e acusá-lo de agir para se manter no poder em meio às denúncias que o atingem e à possibilidade de ser denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) após a delação dos empresários da JBS.
Na manhã desta quarta-feira, 14, Deltan Dallagnol usou o Twitter para criticara Temer em relação aos ministros acusados de corrupção. “Antes, os mencionados em delações podiam permanecer no governo. Agora, os réus. No próximo o serão os presos”, escreveu Dallagnol, sobre um eventual recuo de Temer na sua linha de corte de afastar temporariamente ministros denunciados e definitivamente se virarem réus na Justiça. “É a institucionalização do governo dos corruptos?”, questionou o procurador, em outra publicação.
Já o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima, responsável pela concepção dos acordos de leniência na operação, afirmou que o presidente está agindo para mudar a cúpula da Polícia Federal e interferir nas investigações. “Não contente com o desmonte da equipe da Polícia Federal na Operação Lava Jato em Curitiba, o governo Temer vai além, intervindo na mesma polícia que o investiga. Para que ética, se a única coisa que importa é se manter no poder?”, escreveu o investigador.
Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo há pouco mais de duas semanas, Lima criticou o contingenciamento de 44% do orçamento de custeio previsto para 2017 na operação e afirmou que o governo tinha o objetivo de “sufocar” a Lava Jato com os limites orçamentários.
A reunião de Temer com governadores na noite dessa terça-feira também foi alvo de comentários do procurador. No encontro, o governo ofereceu uma renegociação das dívidas de Estados com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Para o procurador, a atitude do presidente é um “toma-lá-dá-cá” para salvar a si mesmo. “Toma-lá-dá-cá. Quando o importante é salvar a si mesmo, o problema de caixa do governo desaparece. Quando é para defender as reformas, tudo é diferente”, diz a publicação de Lima.
Nos últimos dias, os procuradores já vinham direcionando críticas ao presidente Temer e a seus aliados nas redes sociais. Na terça, Carlos Lima usou o Facebook para atacar o PSDB após a decisão do partido de manter apoio ao governo federal. “Vexame é pouco”, disse.
Sobre a atitude de tucanos ao aplaudir Aécio Neves na reunião de segunda-feira, 12, em Brasília, o procurador comparou a legenda ao PT. “O PSDB me lembra outro partido… Ah! Lembrei. O PT aplaudindo José Dirceu. Seja qual for o partido, o comportamento é o mesmo. Aplaudir quando se investiga o outro partido, e dizer que são perseguidos quando eles são os investigados.”
O julgamento da chapa Dilma-Temer no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) também foi alvo das críticas dos procuradores.
No sábado, 10, Dallagnol afirmou que o governo estava declarando “guerra aberta” à Lava Jato após a decisão da Corte eleitoral de absolver a chapa. “Como no fim do governo do PT, o governo PMDB-PSDB declara guerra aberta à Lava Jato. Futuro está nas mãos da sociedade”, escreveu.
Carlos Lima, por sua vez, afirmou ser “evidente que o julgamento do TSE, ao desconsiderar as provas desse financiamento criminoso, não só deixou de fazer o que lhe era exigido – defender a democracia – como indicou claramente a intenção de acabar com as investigações.”
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