Janela da infidelidade: deputados fazem festa para troca de partidos, mas esquecem compromissos das últimas eleições 6h1548
302j55
Abertura do período para mudança de legenda mostra que movimentações levam em consideração as disputas regionais; ninguém quer pensar o país

Os partidos políticos se transformaram em agrupamentos de letras e junções de interesses regionais. A abertura da “janela da infidelidade” mostra que as trocas levam em consideração as disputas regionais. Ninguém pensa o país ou força nacional. As bases do governo e da oposição continuam as mesmas, apesar das trocas partidárias. O deputado e o senador pensam o seu quadrado. Das eleições de 2018 até agora, houve um terremoto de filiações, e só o PT permaneceu no mesmo patamar: tomou posse com 54 deputados e hoje tem 53. É o segundo partido em número de parlamentares. O primeiro não existia na posse deste Congresso. O União Brasil uniu o PSL, com 52, e o DEM, com 29. Seria um partido hegemônico se realmente dominasse os seus 81 parlamentares, mas é fraco e balofo. Grande, mas não funciona. O PT tem 53, mas atua de forma agrupada e perde pela minoria nos posicionamentos em plenário. O presidente Jair Bolsonaro tem maioria no Congresso com a ajuda do Centrão, que também é um agrupamento de partidos.
Na posse, o PSL chegou com a segunda maior bancada da Câmara, com 52 parlamentares. Perdia para o PT e seus 54 deputados. O DEM elegeu 29. Logo o PSL ganhou dois, foi para 54, e o PT perdeu um. A base do presidente Jair Bolsonaro nunca dependeu do partido pelo qual foi eleito, o PSL. A surpresa mesmo da eleição foi o fiasco dos tradicionais. Depois do PT e PSL, o terceiro partido na eleição foi o PL, com 43. Depois o PP, com 38, e só depois o MDB, com 34, ando pelo Republicanos, com 30. Só aí aparece um partido tradicional que minguou: o PSDB elegeu 29 e ganhou dois; hoje tem 31 deputados. Veja como o Congresso é flexível e, mesmo depois das eleições, muda a correlação de forças, seguindo sempre os interesses dos deputados. Pela composição do processo eleitoral, 30 partidos elegeram representantes. Hoje, só 22 tem entre os seus quadros parlamentares no Congresso.
A “janela da infidelidade” continua aberta, e este é o mês da troca de partidos. São os ajuntamentos para a disputa eleitoral. A guerra pela sobrevivência. O processo é tão estranho que os deputados fazem até festa e eventos especiais para a troca de partido, como se fossem siglas descartáveis. A renovação seria a troca de programa, como se os compromissos das últimas eleições não estivessem valendo. As regras mudaram e agora, sem a possibilidade de coligação nas eleições proporcionais, os partidos ganharam força, e a tendência é um afunilamento. Falam aqui em Brasília que, em vez dos 30 partidos que ganharam assento nas últimas eleições, em fevereiro menos de 10 conseguirão ter representantes no Congresso.
*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.
Comentários
Conteúdo para s. Assine JP .