STF retoma julgamento sobre responsabilidade de plataformas digitais 6t132x
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Artigo 19 do Marco Civil da Internet é um dos focos da discussão, pois trata da responsabilidade civil das redes sociais e plataformas de vídeo por danos causados por conteúdos gerados por terceiros

O Supremo Tribunal Federal (STF) retoma nesta quarta-feira (4) a análise a validade de um ponto crucial do Marco Civil da Internet, que tem gerado debates acalorados entre autoridades e especialistas. A questão em pauta é a responsabilidade das plataformas digitais em relação aos conteúdos publicados por seus usuários. O julgamento, que havia sido interrompido em dezembro após pedido de vista do ministro André Mendonça, será retomado com seu voto. O Marco Civil da Internet, instituído em 2014, estabelece direitos e deveres para o uso da internet no Brasil, visando garantir a liberdade de expressão, o direito à privacidade e a neutralidade da rede.
O artigo 19 do Marco Civil é um dos focos da discussão, pois trata da responsabilidade civil das redes sociais e plataformas de vídeo por danos causados por conteúdos gerados por terceiros. Segundo o artigo, as plataformas não são responsáveis pelo conteúdo publicado, a menos que descumpram uma ordem judicial de remoção. O STF decidirá se as redes podem ser punidas por manterem conteúdos criminosos, como imagens de abuso infantil, informações falsas sobre vacinas e golpes contra o consumidor. A constitucionalidade do artigo 19 está em questão, com a possibilidade de as plataformas serem responsabilizadas sem ordem judicial, apenas com base em notificação extrajudicial ou quando cientes de conteúdo ilegal.
A Câmara-e.net, que representa grandes plataformas digitais no Brasil, como TikTok, Google e Facebook, alerta que uma decisão antecipada do STF pode levar à censura privada. A entidade defende que qualquer mudança no modelo atual de responsabilidade por remoção de conteúdos deve ser cautelosa, preservando direitos fundamentais. O ministro do STF, Gilmar Mendes, em seminário na França, destacou que o julgamento pode esboçar uma regulação das mídias sociais, relacionando o tema aos atos de 8 de janeiro e ao uso indevido da internet. Guilherme Canela, diretor da Divisão de Políticas Públicas e Inclusão Digital e Transformação Digital da Unesco, ressaltou que a humanidade vive o ápice da liberdade de expressão, mas enfrenta desafios com movimentos antidemocráticos e fake news. Até agora, três ministros votaram a favor da responsabilização das plataformas.
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